De Val Saab
é quando o mundo para.
de vez em quando, é isto que acontece
ninguém sabe
ninguém percebe
ninguém vê.
só você. só você sabe.
só você sente.
sente que o tempo para
sente que o tempo é seu
sente que o mundo
move dentro de você
em outro tempo,
outra história, outro ritmo, outra razão.
não diga que a história não vale a pena.
se vale se
entregar e ter
por pouco que seja
o mundo em tuas mãos.
De Eduardo Magrão Menezes
Vem... linda borboleta,
Desenhando em tua vinda,
No teu alegre vôo,
Coloridos corações
Em piruetas sutis,
Escrevendo ao léu
Poemas de amor!
Vem beijar teu poeta
Disfarçado em flor
Que, por te amar,
Virou amor-perfeito
No jardim do amor!
Vem mulher alada,
Borboleta da paixão,
Vem ser fada safada
No jardim do meu colchão!
Vem ser demência,
Na loucura da paixão,
De um poeta enlouquecido,
Que dá asas ao amor...
Pra voar seu coração!
De Paulo Motta
Despertei distraído, ainda com a poeira dos sonhos na pele e a nítida sensação do calor do teu corpo no algodão do lençol. Continuo de olhos fechados, guardando as lembranças que vieram no sonho; teu ressonar suave, teus ruídos noturnos voltando pra cama e procurando se aninhar embaixo das cobertas no frio de julho. Inesquecíveis manhãs de domingo, em que te acomodava de um jeito especial no meu colo, pedindo um afago, um carinho delicado, tão frequente em nossos braços e abraços. Nunca precisaste falar, somente me fitar com teus enormes e redondos olhos negros. Às vezes eu acordava com o roçar dos teus pelos ou do teu bigode em minha nuca! Meu coração sente a tua falta. Lembro quando Maria Cristina e eu te buscamos na casa de um amigo, que havia te resgatado de um bueiro, uma gatinha preta com manchas amarelas, uma gracinha, a Pôka! Tão logo me recupere vou vê-la, minha gata Pôka danada amada pulguenta feroz! Maria Cristina cuida dela como se fosse uma princesa! De tarde leva no balê e às quintas, no inglês. Bela manhã, ensolarada e fria, bem como eu gosto, hoje, queridos amiguinhos e amiguinhas. Domingo recebi a visita do meu amigo Claudio Mariano, o Tinga, e sua esposa Adelina, que me relembraram engraçadas histórias dos tempo da rotativa, lá na Zero Hora. Naquela época a gente entrava no jornal e não sabia quando sairia. Sério, rapaiz! Em 82, quando veio o Papa Johannus Paulus II, ficamos três dias lá dentro. Claro, fazendo churrasco e tomando cachaça. E trabalhando. E o jornal ia pra rua, creiam-me, ó homens de pouca fé. Já de manhã cedo levei uma ralhada da enfermeira, só porque escrevi com pincel atômico vermelho, no meu babeiro - eu tenho um babeiro, senão é um desastre - "Sou da Mamãe!. Ela falou que se alguém chegasse pensaria que aqui é um manicômio e que eu não tinha maturidade, pareço uma criança grande, preciso mudar essa postura infantil e aíaspessoasfalamquetunaoipretsaatenaçastobbrrr. Claro, claro, entendo, sei sim! Tá bom. Eu desenvolvi um dispositivo que, se o assunto não me agrada, eu ligo esse negócio e saio do ar, sacou? Fico olhando, compenetrado, para a criatura que vocifera ou que me amola com papo chato, como se estivesse profundamente interessado no que o incauto fala. Depois, é só sacudir a cabeça e dizer: "Claro, é isso, com certeza - o "com certeza" não pode faltar - vou modificar, etc.", e nunca diga nada que possa fazer a pessoa voltar ao ponto de partida, o que seria uma hecatombe. Nesses momentos o silêncio é precioso. Meus amigos e amigas, meus parceiros diários, obrigado pelo carinho de vocês e tenham um bom almoço. Um alá minuta mal-passado, ou amina luta bem-passado. Beijinhos e abracinhos.
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