De Eduardo Magrão Menezes
TEU BEIJO
Gosto
Do teu jeito de menina
E do quase fechar os olhos
Ao sorrires pra mim!
Gosto
Da levada menina
Disfarçada em anjo
Que encontrei em ti!
Amo
Morder com jeitinho
Teu lábio carnudo
Num beijo sem fim!
Ah...
Essa boca maldita
De fêmea bonita,
Me faz delirar...
Quero
Teu beijo molhado,
Teu corpo colado,
Teus olhos em mim.
Sou...
O amor que plantaste
Em meu peito carente!
Sou...
Poeta a deriva
Que no mar dos teus beijos...
Perdeu-se de amor!
De Paulo Motta
Na décima terceira badalada do sino da catedral de Carpanotown, salto do sofá e observo a bruxuleante claridade que se derrama, através da janela enorme que ornamenta a sala da mansão gótica de Sir Cunstance. Meu Deus, que ressaca! Pudera, há dois dias encho a cara com os uísques paraguaios de Cunstance, não sabia que sua decadência era tão decadente! Não há energia, só lampiões a gás e velas por todo o lugar. Trabalho com exterminação de pragas como baratas, ratos, morcegos e vendedoras de cosméticos, Fui chamado e essa pequena cidade onde nem se falava em tevê a cabo, quem dirá computador. Torneira era um artefato de alta tecnologia para eles. Sir Cunstance me contratou para exterminar uma praga que surgiu incontrolável, indestrutível, descontrolada: leporídeos. Mais conhecidos como coelhos e seus parentes (canguru não vale). Na manhã em que cheguei e fui recebido pessoalmente pelo meu novo patrão, percebi a gravidade da situação quando senti minhas calças sendo roídas em segundos por dois coelhos do tamanho de cachorros labradores. Entramos logo e ele me colocou ao par da esquisita situação. Os criadores de coelhos, pra baratear custos, misturaram uma erva que acharam nos campos ao norte, pertencentes a uma comunidade alienígena. O efeito colateral foi imediato e os coelhos desenvolveram cognição e o hipotálamo. Havia coelhos dirigindo kombis e táxis. Os ônibus eram dirigidos por fuinhas que, não se sabe como, foram afetadas, também. A população humana começou a dar o fora Carpanotown e ficaram poucos, somente porque tinham negócios com os coelhos e algumas fuinhas. Com hábitos humanos, os coelhos lotavam o único motel da cidadezinha e, não raro, satisfaziam-se em plena praça que, a essas alturas, estava sem uma folha pra contar a história. Sir Cunstance no outro dia escafedeu-se e me deixou com a batata - ou melhor - a cenoura quente na mão. Por uma questão de honra decidi ficar e encarar os orelhudos! Descobri que tinham um regime de gestão de maior pra menor. Os menores, claro, não estavam muito satisfeitos pois trabalhavam mais do que os maiores e os maiores ficavam com as melhores coelhas e cenouras. No final fui vencedor pois disseminei a discórdia entre eles e os convenci a fundar partidos e realizarem eleições democráticas. Agora espero, só pra ver com prazer, eles se matarem a cenouraços, enquanto extermino o restante do uísque do Cunstance, Tenho certeza que só restarão as fuinhas, sorrateiras e unidas. Beijinhus.