Meu dindo, padrinho e tio David Menezes, era um guri quando me batizou. Mal tinha feito 20 anos, irmão mais moço de minha mãe. Hoje, prepara-se para fazer 80 anos, na mesma época em que farei meus 60, e continua um guri. Ele é o pai do Eduardo, assíduo colaborador do "Roubando Pérolas", nos domingos do nosso blog. Pois do tio David sempre tenho a lembrança das mudanças de cidade, visto que era gerente do Banco da Província (que foi se transformando através dos tempos, sendo comprado e incorporado a outros, até chegar ao Santander de hoje) e a cada novo lugar em que se instalava com a família, abria-se a oportunidade de férias diferentes para todos nós, seus sobrinhos. Tenho muitas lembranças dessa época, mas o que me veio hoje à memória foi o cachorrinho deles, o Pico, tipo pequinês, bem clarinho, que acompanhava a trupe em suas andanças e, quando vinham, ficava lá em casa, onde eu morava com a Dida, mãe adotiva de todos nós. Numas férias em que iam para a praia, tio, Flávia (nossa tia), os guris e o Pico, mais a Dida e a mãe da Flávia, foram parando nas casas e pegando gente. Eu fiquei sozinha pois já trabalhava e não podia sair. Uma semana depois aparece na porta um cachorrinho marrom, querendo entrar. Fiz carinho, mandei-o pra casa dele e fechei-lhe a porta na cara. No outro dia a mesma coisa. E o pior era que o dito abanava o rabo e dava a impressão de que estava ficando íntimo - eu não tinha, na época, nenhuma experiência com cachorros, pois só tinha gatos. No terceiro dia, desconfiei. Botei o cusco pra dentro e fiz o teste da bacia: e eis que um belo banho depois revelou-me um cachorrinho bege, bem clarinho, como o Pico. Claro que fiquei com ele lá, sem entender nada, até eles voltarem, uns 10 dias depois, numa época sem telefones. Pois o Pico tinha fugido do carro, numa das paradas, no outro lado da cidade, e levou quase uma semana pra chegar lá em casa, mesmo não sendo de Cachoeira. Naquele dia uma amiga me visitou e tomamos um porre de martini, emocionadas, enquanto ele nos olhava com a adoração de quem tinha, enfim, voltado pra casa...
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