quinta-feira, 11 de julho de 2013

A TINA
Tenho uma gata velha, com seus mais de 18 anos. Pois a Tina é tão velha que se perde na casa e esquece que comeu. Penso que está com Alzheimer - não sabia que os bichos tb tinham - , além de quase desdentada e surda como uma porta. Mas ela está bem, pois tem uma visão excelente e uma saúde de ferro. Quando ela se perde, precisa me ver, que sou seu ponto de referência. Às vezes estou longe, no pátio, cheia de plantas e enxadas na mão e tenho de largar tudo e ir até onde ela possa me enxergar. Então de berros alucinantes tipo miaaaaaaaaaaaaaaau, começa a dizer assim, miau miau miau, como quem diz, ah ta, estas aí... Pede comida sempre sempre e tem de ser um pouco de cada vez pra poder dar toda a hora e deixa-la mais faceirinha.
Pois a Tina tem me acompanhado em quase um terço de minha vida. Chegou numa época de mão na frente outra sem saber onde colocar, relacionamento acabado, depre total. Ela chegou altiva, sentou no meu colo, e não deixava mais ninguém se aproximar. Tipo, a mãe é minha e ninguém tasca. Isso eu nunca vou esquecer. Era alguém que me olhava com adoração em meio ao caos. E fomos envelhecendo juntas, com aquele fio mágico que sempre nos ligou. 
Nesse momento ela está no meu colo enquanto escrevo, com o tablet esmagando sua cabeça e ainda resmunga pra ele, como antes resmungava para as pranchetas de diagramação ou para os rabiscos de poemas em pedaços de papel...


Nenhum comentário:

Postar um comentário