De novo roubo o amor, na poesia de meus amigos...Val, com a profundidade de seu texto; Motta e o comovente encontro com o filho distante, através das lembranças da infância e Eduardo, que nos brinda, como sempre de forma lírica, com um texto que fala da chuva, como se ela pingasse amor...
De Val Saab
quando
encontrar
teu olhar
no
meu
corpo,
você
congelará
este amor
até alcançar.
até
arrancar
meu coração
para
si.
De Paulo Motta
Lembrava que meu filho, o Lobinho, como toda a criança, perguntava sobre tudo. Em alguns momentos eu viajava um pouco. Um dia passeávamos numa pracinha onde havia muitas árvores, e ele perguntou qual o nome dessas árvores, lhe respondi que eram seringueiras. E o que fruta elas dão? Ah, meu filho, elas dão seringas, que são colhidas e, depois, vão pros hospitais, pra serem usadas. Ele ficou me olhando com seus olhinhos surpresos e redondos, encantado. Mas agora não é época de ela dar seringas, só no outono. Outra vez ele e um coleguinha que passava o fim de semana lá em casa, queriam saber o que era um velório. Morando ali na Azenha, pegamos o carro e demos um pulinho no São Miguel e Almas, onde peregrinamos em algumas capelas, vimos cadáveres sendo velados, cumprimentamos parentes dos entes queridos e depois fomos pra casa, com a curiosidade deles saciada. Tenho saudades daqueles tempos em que éramos os orientadores de nossos pirralhos. Saudade de chegar em casa moído e ele pulava no meu colo pra escutar a Dança Macabra, Saint-Saëns, e dançá-la comigo. Saudade daquele pequenino que me chamava pra acompanhar a montagem de uma nova geringonça de Lego. Numa noite criei uma personagem terrível pra protagonizar a historinha antes de dormir. Era a Vovó Ampirinha, uma velhinha sanguinária que atacava netinhos indefesos. Outro foi o Vovô Mitá, um boneco do Lego, que ele achava que ele precisava de um nome. Pouco antes de ele partir pra Academia, me chamou e colocou uma fita cassete num gravador pra eu escutar. Saiu a vozinha fina dele: "Olá, Lobinho do futuro, eu sou o Lobinho do passado, hoje é dia 22 de agosto de mil nvecentos e noventa e seis e eu estou desenhando uma história da Vovó Ampirinha...", me emocionei, tive que disfarçar aquela emoção ao descobrir, assim, de repente, que meu pequeno virara homem. E voou atrás de seu destino, nos deixou pra trás, acenando, enquanto começava a construir a sua vida levando com ele nossos princípio e nosso amor. Nos resta rezar e torcer por suas escolhas. Aguardemos os netos que, se Deus quiser, virão. Pois que venham logo, estaremos preparados e ansiosos. Volto depois, meus amiguinhos e amiguinhas
De Eduardo Magrão Menezes
Doce algodão
Vagando ao léo
Trazes contigo
Gotas de céu
Choras tranqüila
Pingando vida
Rezas as flores
Do meu amor
Eu jardineiro
Da tua alma
Rezo com calma,
Mas com ardor
Pra agradecer
À linda nuvem
Que gotejou
A rosa vermelha
Que ontem plantei
Pra colher beijos
Da mais linda flor...
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